A ofensiva russa no norte de Kharkov: considerações estratégicas e operacionais

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Soldados russos no distrito de Volnovakha, em Donetsk, Ucrânia, controlada pelos separatistas pró-Rússia, 26 de março de 2022 (Sefa Karacan/ Anadolu via Getty Images).

Soldados russos no distrito de Volnovakha, em Donetsk, Ucrânia, controlada pelos separatistas pró-Rússia, 26 de março de 2022 (Sefa Karacan/ Anadolu via Getty Images).

Nem mesmo o alto-comando militar ucraniano acredita que a principal ofensiva primavera-verão das Forças Armadas russas começou.


Introdução

A Federação Russa deflagrou há uma semana uma operação ofensiva no norte de Kharkov, com o objetivo declarado pelo presidente Vladimir Putin de se estabelecer o controle de uma zona de segurança destinada a limitar os ataques diários das Forças Armadas da Ucrânia às cidades fronteiriças, principalmente aquelas situadas em Belgorod, local de maior concentração dos ataques ucranianos, os quais já resultaram em várias dezenas de mortos e centenas de feridos desde o início do conflito.

Na nova direção da ofensiva ao norte de Kharkov, as tropas russas estão criando uma buffer zone (zona tampão), combates intensos estão ocorrendo, com vários assentamentos rapidamente controlados pelas forças russas, nos quais a defesa das Forças Armadas ucranianas desmoronou. De acordo com inúmeras fontes ucranianas, a construção das linhas defensivas ficou imersa em escândalos de corrupção e desvios de recursos durante a construção de barreiras de engenharia.

Nesta direção, as forças russas promoveram um avanço bem rápido no terreno, empregando cerca de cinco batalhões nos primeiros dias, dividindo as zonas de ataque e controle em duas partes desiguais (de acordo com a configuração atual da frente), com base no rio Seversky Donets. A progressão das Forças Armadas da Federação Russa em duas áreas lhes permitiu serem implantadas em qualquer uma de suas margens, tornando complicada a distribuição dos reforços das forças ucranianas retiradas de outros setores do front, as quais estão dispersas e sobrecarregadas.

As alardeadas linhas defensivas primárias que deveriam ter sido estruturadas não foram efetivadas, gerando críticas na sociedade ucraniana e tornando muito frágil a capacidade de defesa das forças ucranianas no local, as quais tiveram que se retirar apressadamente diante dos ataques russos coordenados de artilharia e aviação tática, resultando em perda de terreno e muitos soldados ucranianos prisioneiros.

Desenvolvimentos tático-operacionais

Caso o eixo principal de ataque ocorra à direita do Rio Seversky, este é o acesso às abordagens imediatas de Kharkov e uma ameaça direta a esta cidade. Embora seja improvável que o cenário de uma ofensiva russa neste momento inclua batalhas urbanas para controle da metrópole de Kharkov, diante do emprego limitado de efetivo pelas forças russas, vale frisar que, na hipótese de cerco operacional com emprego sistemático de artilharia e de aviação, a vida econômica da cidade, mesmo sem batalhas urbanas, iria colapsar, o que explica o grande fluxo de pessoas que a abandonaram ao longo das últimas semanas. A importância econômica da segunda maior cidade da Ucrânia é assim praticamente anulada caso se concretize o cerco de Kharkov.

À esquerda do Rio Seversky Donets não há apenas a cidade de Volchansk como objetivo tático fundamental para a consolidação da área a ser controlada na futura zona de segurança, mas existe todo um funil entre os rios Seversky Donets e Oskol, estreitando-se em profundidade. Na margem esquerda do Rio Oskol, registre-se que o grupo de defesa das FAU compreende várias dezenas de milhares de homens. E quanto mais profundo for o avanço na saliência entre os rios Oskol e Seversky Donets, mais forte será a possibilidade de cerco e destruição do agrupamento ucraniano ali estabelecido. Um avanço em eixo contrário, para a margem direita do Oskol, ainda que de forma organizada, mantendo a estrutura e a eficácia máxima de combate, é uma tarefa praticamente impossível diante das adversidades geográficas e complexidade da manobra com efetivo limitado já comprometido.

Para as Forças Armadas da Federação Russa, ao avançarem em dois setores do front de Kharkov, existe total liberdade de escolha e progressão entre as duas margens do Seversky Donets, as perspectivas de expandir a frente em outros locais da zona fronteiriça e, no momento certo, intensificar-se fortemente em qualquer setor já relevante, como as áreas ainda não controladas do Donbass.

Atualmente, os combatentes russos estão abrindo as defesas das forças Ucranianas, expandindo as zonas de controle na vila de Volchansk. A Ucrânia, por sua vez, está transferindo reforços de infantaria e equipamentos, enfraquecendo outros setores da frente, tentando com todas as suas forças manter a linha de Kharkov sem novos avanços russos no terreno. As FAU estão recuando para a periferia sul de Volchansk e tentando ganhar tempo antes da perda efetiva de controle daquela cidade, enquanto as Forças Armadas russas atacam simultaneamente de três direções.

As Forças Armadas da Ucrânia tentam estabilizar os combates em Volchansk na periferia sul da cidade, até o rio Volchya, na esperança de ganhar tempo para organizar a defesa ali. As forças ucranianas lutam para manter uma posição onde serão capazes de cobrir a estrada e a ponte sobre o Rio Volchya por algum tempo. Ao mesmo tempo, o agrupamento ucraniano já perdeu a aldeia de Staritsa e as Forças Armadas da Federação Russa continuam a avançar em direção a Izbitsky e Varvarovka. Nesta direção de operações ofensivas, o Exército russo planeja ocupar a aldeia de Ternovoye, a fim de privar as Forças Armadas da Ucrânia da oportunidade de atacar Neskuchnoye pelo leste a partir de Sereda e Zeleny.

Os sucessos das Forças Armadas da Federação Russa também são registrados na área da vila de Liptsy – militares ucranianos deixaram suas posições na margem oriental do reservatório de Travyanskoye. Aqui as FAU também estão ganhando tempo, tentando se defender. A situação difícil para a Ucrânia na direção de Kharkov é agravada pela constante superioridade de fogo das forças russas e pela alta velocidade das manobras e bombardeios, bem como pelas reservas completamente descoordenadas das Forças Armadas da Ucrânia, conduzidas para as áreas mais conflagradas a partir de várias unidades de defesa territorial e brigadas já desgastadas por meses de combates.

A posição tática do exército russo no setor norte de Kharkov continua a melhorar, mas a ofensiva ainda parece estar muito longe de ser concluída, exigindo ruptura de linhas de defesa mais à retaguarda (20-25 km da fronteira) e consolidação de posições ocupadas.

Das cinco direções originais, o número de áreas onde as tropas do grupo “Norte” conseguiram avançar rapidamente e libertar territórios anteriormente ocupados pelas Forças Armadas da Ucrânia aumentou para sete. O maior progresso foi alcançado ao longo da linha Glubokoye-Liptsy, Lukyantsy-Vesyoloye, Ogurtsovo-Staritsa e na área de Volchansk, que as Forças Armadas ucranianas terão que abandonar futuramente para evitar o cerco operacional. O nivelamento desta linha de frente, que se seguiu a uma série de sucessos táticos, permitiu identificar duas direções principais de ataque: Liptsy-Kharkov e Volchansk-Belyi Kolodez.

Na direção de Kharkov, as rotas de abastecimento da guarnição das Forças Armadas da Ucrânia na cidade estão gradualmente sendo tomadas sob controle de fogo de artilharia e drones, o que indiretamente indica a preparação para a implementação de medidas como corte de logística e isolamento da área de combate. O ataque real à cidade de Kharkov , nesta configuração atual de efetivo e unidades de combate e engajadas, provavelmente não ocorrerá uma operação de captura inteira da segunda maior cidade de Kharkov.

Em 15 de maio, algumas fontes ocidentais relataram uma alegada desaceleração no ritmo da ofensiva. Na verdade, o ritmo da ofensiva é regulado apenas pelo planejamento operacional do sistema de comando russo, pois o ritmo e as características da operação, como a velocidade de avanço, dizem respeito apenas aos grupos táticos e batalhões avançados do grupo “Norte”, pois praticamente nada dizem sobre quando e onde as principais forças do Exército russo serão implantadas em algum setor da frente.

Até o dia de finalização deste artigo (19 de maio) diante do avanço russo rápido e em uma profundidade de até 25 km, as Forças Armadas da Ucrânia conseguiram retirar reservas de outras direções e desacelerar o avanço das tropas russas perto do assentamento de Liptsy e Volchansk. O Exército russo responde com uma manobra de envolvimento e ataques se aviação com bombas FAB convertidas por módulos UMPC e mediante ataques maciços de artilharia.


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Considerações finais e tendências

A principal direção que representa uma ameaça para as Forças Armadas da Ucrânia continua sendo a do oblast de Kharkov. A cidade em si fica a menos de 20 km de Liptsy, o que permite atingir alvos em toda a extensão da cidade com a ajuda de foguetes e sistemas variados de artilharia, sem o uso de aeronaves de combate. Outra área problemática continua sendo a rodovia sudeste além de Volchansk. Da importante estação de junção Belyi Kolodez, que as Forças Armadas da Ucrânia podem perder depois de Volchansk, a seção da frente de Kupyansk fica a apenas 70 km. Ainda não se sabe se o planejamento operacional russo nesta ofensiva envolve um ataque do lado oposto da frente; no entanto, se tal decisão for tomada, o grupo que guarnece Kupyansk das forças ucranianas de pelo menos cinco brigadas e vários batalhões irá receber outra direção de atuação defensiva, à qual terão que reagir e desviar recursos militares já sobrecarregados e que por isso já não são suficientes para nivelar todos os eixos de progressão russos.

A princípio, Zelensky disse que as formações ucranianas conseguiram deter o avanço do Exército russo na direção de Kharkov. Ao mesmo tempo, o comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, general Syrsky, afirma que existe o risco de cerco do grupo “Kharkiv” das forças ucranianas pelas tropas russas.

Neste momento, mais de 30 batalhões das Forças Armadas da Ucrânia foram destacados para o local (para efeito de comparação, Chasov Yar é detido por metade das forças). Considerando que as Forças Armadas russas ocuparam apenas a primeira linha de defesa e a zona cinzenta, a Ucrânia transferiu agora forças significativas para posições pré-preparadas. Tais unidades terão que ser derrotadas pelas forças russas para que consigam aprofundar mais o avanço, ampliar a zona de controle e finalmente cercar Kharkov de modo a imobilizar e desgastar ao máximo as forças ucranianas remanescentes.

Apesar de mais de 30 batalhões das Forças Armadas da Ucrânia neste setor da frente, as Forças Armadas russas ainda avançam, ainda que mais lentamente que nos cinco primeiros dias: o controle da zona SNT Lira-1 foi concluído e o ataque a Liptsev começou, a zona de controle perto de Lukyantsy foi ampliada, o norte de Volchansk está controlado e a zona de controle a leste desta cidade está se expandindo. Isto indica que inundar a frente com pessoas na fase atual é uma abordagem que, por si própria, não permite às Forças Armadas da Ucrânia estabilizarem a frente.

Um detalhe importante a considerar na resistência ucraniana neste setor do teatro de guerra, é a implantação maciça de sistemas de defesa aérea fornecidos pelo Ocidente perto de Kharkov: toda a gama de baterias antiaéreas , desde Patriots até IRIS-T Ae SAMP-T, está registrada perto da cidade de Chuguev, na periferia leste de Kharkov. Isto forçou as Forças Armadas da Ucrânia a exporem áreas da retaguarda, que agora se tornaram muito mais indefesas contra ataques de mísseis balísticos, drones kamikaze e mísseis de cruzeiro.

O cerco do grupo das Forças Armadas da Ucrânia na cidade de Kharkov é de fato possível, conforme o seguinte desenvolvimento de cenários: se as Forças Armadas da Federação Russa lançarem uma ofensiva na região de Sumy e na junção com a região de Kharkov (ou, inversamente, a leste de Volchansk), tal cenário é potencialmente viável. As FAU dependem demasiadamente da manutenção da primeira linha de defesa para evitarem desdobramentos da ofensiva russa que afetam o país.

Em geral, o estado atual da operação das Forças Armadas russas na direção de Kharkov demonstra o desafio principal de se empreender uma operação ofensiva com atributos de comando e engenhosidade, habilidade tática, planejamento competente, bem como a capacidade de trabalhar como parte de um complexo tático de reconhecimento e ataque.

Em uma situação diferente, com emprego de concentração de forças para ataques frontais decisivos, se criaria muito possivelmente um resultado completamente diferente, com perdas demasiadamente elevadas de pessoal e armas.

Mesmo antes do início da ofensiva, é imperioso frisar que o atual agrupamento das Forças Armadas russas na região de Belgorod não é suficiente para capturar a cidade metropolitana de Kharkov. Resolver as tarefas de libertação de Kharkov requer pelo menos duas operações sérias para capturar Zolochev e a área fortificada de Zolochevsky, além de ser fundamental libertar Chuguev, uma importante base logística das Forças Armadas da Ucrânia. Um ataque frontal a Kharkov pelo norte seria uma ideia potencialmente desastrosa em perdas e sacrifícios de unidades de combates valiosas para as capacidades em desenvolvimento contínuo das Forças Armadas da Federação Russa.

As tropas russas estão agora resolvendo o problema de ocupação de parte das áreas no norte da região de Kharkov, o que permitirá pelo menos a libertação de várias dezenas de assentamentos, infligindo graves perdas às FAU e reduzindo a intensidade dos ataques ucranianos na região de Belgorod. Quanto mais as tropas avançarem e ampliarem o alcance da artilharia e dos drones para o sul, melhor será o resultado da zona de segurança ali implantada.

Ao mesmo tempo, se as Forças Armadas da Ucrânia não conseguirem manter suas posições no norte da região e permitir avanços frontais das unidades de combate russas, a escala da operação poderá se expandir para cenários mais ambiciosos, como cercar parte das Forças Armadas da Ucrânia na região de Kharkov, que é o que o comandante das forças, general Syrsky, tanto teme.

É importante compreender que se agora não há intenções de atacar ou cercar completamente Kharkov, isso não significa que tais objetivos não aparecerão um pouco mais tarde, quando o tamanho do agrupamento de combate russo na direção de Kharkov puder ser aumentado, dependendo dos planos do Estado-Maior das Forças Armadas russas.

O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia apresenta agora um dilema para o país – onde será desferido o golpe principal. Importante destacar que a Ucrânia está agora dividida entre a necessidade de defender Chasov Yar, manter a frente na área ao norte de Ocheretino e reforçar a frente ao norte de Kharkov.

Mas há outros setores da frente onde também se observam tendências de crise. Se o comando russo conseguir forçar a realocação dos restos de reservas ucranianas em áreas de crise e encontrar uma fraqueza nas forças ucranianas envolvidas, então as consequências para as Forças Armadas da Ucrânia serão catastróficas, tal como os militares de alto escalão americanos estão realmente alertando. Este impasse, se não for resolvido, permitirá que as tropas russas avancem na região de Kharkov, em algum lugar do Donbass ou em Zaporozhye – se aproveitando das crescentes fragilidades e fragmentação das degradadas forças ucranianas.

Apesar da importância do que está acontecendo agora no norte de Kharkov, é muito mais importante saber como esta operação se enquadrará no contexto geral do início da campanha de verão, pois mesmo o alto comando militar ucraniano acredita que a principal ofensiva primavera-verão das Forças Armadas russas ainda não começou.

Fontes consultadas

Zelenskyy warns Russia’s Kharkiv offensive may only be ‘first wave’. Aljazeera, 18 de maio de 2024. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2024/5/18/zelenskyy-warns-russias-kharkiv-offensive-may-only-be-first-wave.

AMRU, Oleksandra. Zelensky said that the Russians have started a new wave of offensive in the Kharkiv region. Reuters writes about their plans. Babel.ua, 10 de maio de 2024. Disponível em: https://babel.ua/en/news/106973-zelensky-said-that-the-russians-have-started-a-new-wave-of-offensive-in-the-kharkiv-region-reuters-writes-about-their-plans.

GREGORY, James; WATERHOUSE James. Ukraine troops pull back in Kharkiv after Russia offensive. BBC, 15 de maio de 2024. Disponível em: https://www.bbc.com/news/articles/c1030vvy0mzo.

CAREY, Andrew; KESAIEVA, Yulia; TARASOVA, Dasha; PENNINGTON, Josh; GIGOVA, Radina; STAMBAUGH, Alex. Ukraine warns northern front has ‘significantly worsened’ as Russia claims capture of several villages. CNN, 13 de maio de 2024. Disponível em: https://www.cnn.com/2024/05/12/europe/russia-kharkiv-region-offensive-ukraine-intl/index.html.

SEIBT, Sébastian. Buffer or ruse? Russia’s new offensive in northeast Ukraine ‘not an open road to Kharkiv’. France 24, 15 de maio de 2024. Disponível em: https://www.france24.com/en/europe/20240515-buffer-or-ruse-russia-s-new-offensive-in-northeast-ukraine-not-an-open-road-to-kharkiv.

The Kyiv Independent. Disponível em: https://kyivindependent.com/.

Russia attacks Ukraine’s Kharkiv region in new ground offensive. Le Monde, 10 de maio de 2024. Disponível em: https://www.lemonde.fr/en/international/article/2024/05/10/russia-attacks-ukraine-s-kharkiv-region-in-new-ground-offensive_6671018_4.html.

Operação Z: Correspondentes Militares da Primavera Russa, @RVvoenkor. Canal Telegram. Disponível em: https://t.me/s/RVvoenkor.

GERTS, Mark. Ukraine war briefing: Russia’s Kharkiv offensive may only be the ‘first wave’, Zelenskiy warns. The Guardian, 18 de maio de 2024. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/article/2024/may/18/ukraine-war-briefing-russias-kharkiv-offensive-may-only-be-the-first-wave-zelenskiy-warns.

KHURSHUDYAN, Isabelle; KOROLCHUK, Serhii; ILYUSHINA, Mary. Second Russian invasion of Kharkiv caught Ukraine unprepared. The Washington Post, 17 de maio de 2024. Disponível em: https://www.washingtonpost.com/world/2024/05/17/kharkive-defenses-ukraine-russia-reinvasion/.


Publicado no História Militar em Debate.

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